A minha trilha sonora

A música é esse lugar onde cabem todos, mesmo que cada um de nós escolha de qual artista gostar e desgostar. Ainda assim, na diferença, é música.

Quando ouvia as canções de Adoniran Barbosa e Cartola saindo do radinho de pilha da minha avó, não imaginava a grandeza que a música representava. Naquela época, essas canções apenas serviam de trilha sonora para a hora do café da tarde, quando logo depois minha avó começava a preparar o jantar.

Sem contar a espera, até que meu avô cantarolasse: Acorda Maria Bonita / Levanta e vai fazer o café / Que o dia já vem raiando / E a polícia já está de pé (Acorda Maria Bonita de Volta Seca).

Minha mãe também tinha sua canção-de-bolso, que cantava para mim e minhas irmãs e irmão, frequentemente. Uma canção triste que só, mas linda também: Derrubei pau a machado/E o mato fino rocei/Depois que o mato secou/Eu botei fogo e queimei (A Rosa e a Formiga de Heitor de Barros).

A música continua sendo trilha sonora, trinta anos depois. Mas a diferença está no fato de que hoje ela se embrenhou na minha vida, como na de maioria de nós. É raro quem não tenha sua seleção musical à disposição, para quando a música for a melhor opção para espantar fantasmas e melhorar o espírito.

Da marchinha ao samba-canção, passando pelo rock’n roll, o jazz, a bossa nova. Há tantas linguagens na música que, certamente, ela merece a sua definição mais popular: linguagem universal.

Na marchinha das brincadeiras, o samba-canção do desalento, o rock’n roll da rebeldia, a bossa nova do banzo. A música das línguas afiadas, das guitarras distorcidas, dos tambores africanos, dos pianos cuidadosos em dosar a emoção que oferece. A música alimenta a alma da gente com esses fragmentos de sons, às vezes misturados à poesia das ideias.

Qual é a sua trilha sonora de hoje?


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