Mariachi Gringo
Mariachi Gringo (El Mariachi Gringo/2012) é um desses filmes no qual esbarramos muito sem querer, do qual nada mais esperamos, além de entretenimento, e que nos surpreende de uma forma agradável. É como quando encontramos dinheiro nos bolsos de um casaco que não usamos há tempos.
A qualificação dos filmes me deixa incomodada. Certamente, a pessoa que o qualificou não assistiu ao filme, leu o título e achou que havia entendido tudo. Dirigido por Tom Gustafson e escrito por Cory Krueckeberg, Mariachi Gringo não é comédia. Ao contrário, conta história de um homem de quase trinta anos, que vive em uma cidade do interior, leva uma vida, assim mesmo, levando. Alguém que não sabe quem é ou quem poderia se tornar.
Shawn Ashmore, que interpreta o personagem em questão, é conhecido por suas participações em séries e filmes. Particularmente, gosto muito do trabalho dele na série The Following, e a mais recente é Conviction. A maioria, porém, deve conhecê-lo como Iceman, o Homem de Gelo dos filmes X-Men e Esquadrão de Heróis.
Em meio a uma crise existencial, guiada por remédios para depressão, Robert conhece um mexicano, dono de um bar que frequenta, que desperta novamente nele o desejo de voltar à música. Quando mais jovem, antes da crise atual, Robert tinha o sonho de sair por aí com sua banda. A música não é algo visto com bons olhos pela família, principalmente pela mãe. Na verdade, eles a consideram completamente sem importância.
A paixão de Alberto (Fernando Becerril) por Guadalajara (México) e pela música Mariachi, encanta Robert de tal forma, que ele pede para que o dono do bar El Mariachi o ensine a tocá-la. A amizade deles se estreita, conforme Robert aprende mais sobre o México, sua música e os Mariachis, os intérpretes dessa música.
Com o aprendizado, Robert vai se fortalecendo, sentindo-se mais vivo. Quando Alberto fica doente, ele se sente tão desalentado, que decide encarar uma nova jornada: tornar-se um Mariachi em Guadalajara.
A princípio, a história nos leva a imaginar diversos desfechos. Porém, durante o desenrolar da trama, percebemos que tudo o que tínhamos por certo vai caindo por terra, como acontece ao próprio personagem principal.
O espectador acompanha as nuances da história e há momentos para gargalhadas, porque assim funciona a vida. Porém, Mariachi Gringo é um drama, relacionado ao estado de espírito de quem decide, depois de encarar a depressão e a impossibilidade de sair do lugar, a aventura de mergulhar em uma cultura completamente diferente da sua, e lá encontrar sentido para existir.
O próprio espectador se sentirá atraído por Guadalajara. Compreenderá um pouco melhor os Mariachis, perceberá que é muito fácil cair nas tramas alheias e não conseguir se desvencilhar delas. E também o valor da cultura de um povo, assim como dos laços que criamos com aqueles que encontramos durante a jornada da nossa vida.
E ainda tem Lila Downs...
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