STOMP | Altamente recomendável

O ritmo tem seus mistérios, e desvendá-los é o que nos faz compreender a sua importância. Há ritmo em tudo o que fazemos, mesmo quando ele não é o ‘ritmo solicitado, correto’. Dizem alguns que o ritmo da vida tem de ser cadenciado, enquanto outros acham mesmo que ele deve ser frenético. No meio-termo, o ritmo tempera os passos dos sambistas, faz roqueiros balançarem as cabeleiras, torna peculiar a forma como cada um de nós diz cada palavra, até elas formarem frases, diálogos. No mais profundo significado, é ele que nos mantém vivos, o coração no tempo do sentimento.
Domingo passado, assisti a um espetáculo que me fez repensar o ritmo, isso porque, durante a apresentação, era quase possível enxergá-lo como integrante do grupo que estava no palco. Foi a primeira vez que assisti a um show do Stomp.
Logo que entrei no Credicard Hall, aqui em São Paulo, meus olhos se encheram de curiosidade sobre o cenário. Eu já conhecia a história do Stomp, assistira alguns vídeos, mas não há o que nos prepare para o contato direto, quando percebemos uma série de itens do nosso cotidiano espalhados pelo palco, e imaginamos como aquilo tudo irá colaborar com a performance do grupo.
O Stomp nasceu no Reino Unido, em 1991, e os seus criadores são Luke Creswell e Steve McNicholas. A companhia é uma combinação de percussão, dança e performances teatrais bem humoradas, o que torna o espetáculo muito divertido.
O Stomp conta com um brasileiro, o baiano Marivaldo dos Santos, integrante mais antigo da trupe. É ele o primeiro a entrar no palco, e depois de observar o público por alguns instantes, ele pega uma vassoura e começa a varrer. Essa é a primeira de uma serie de esquetes surpreendentes, nas quais objetos como cadeiras, cabos de vassoura, canos de borracha, pias de cozinha, entre outros, se tornam instrumentos musicais.
Um objeto, nas mãos certas, canta. O corpo, com a mente aberta, dança, canta e comete as mais sensacionais coreografias, nas quais um simples erro pode fazer com que latas despenquem nas cabeças de seus integrantes. Portanto, se eles erraram qualquer passo, eu não sei dizer, mas se aconteceu, erraram acertando. E o que sei é que latas voaram naquele palco, e todos souberam, no ritmo que lhes cabia, mantê-las bem longe do chão, atiçando a imaginação do público, que estava morrendo de vontade de, efetivamente, participar do espetáculo. Aliás, foram muitas as vezes em que ele, o público, interferiu nas performances.
E se um espetáculo lhe desperta o desejo de fazer parte dele, a ponto de você tentar interagir com ele, certamente se trata de um belo espetáculo.
O que mais me impressionou na apresentação do Stomp foi a dinâmica. Bater tambor, tamborilar dedos nas caixas de fósforo, “fazer um som” com tampas de lixeira, “groovar” com o abrir e fechar de cadeiras, nada disso seria tão interessante não houvesse a aplicação da dinâmica. Mas o Stomp leva isso a outro patamar... A forma como aplicam a dinâmica, revezando e somando estes instrumentos inusitados ao sapateado, está intimamente ligada à sincronia de seus integrantes. As pessoas do grupo são, na verdade, o mais importante instrumento presente no palco.
E chega o momento de eu entender aquele cenário que, na verdade, é outro instrumento formado por diversas peças. São placas de sinalização, panelas, tubos, e por aí vai. Enfim, não dá para contar aqui... É preciso estar lá, ver e ouvir, para compreender a peculiaridade dos sons, a competência dos integrantes do grupo ao nos oferecer uma performance exemplar. Porém, a Ana Oliveira, a quem agradeço muito por ceder as fotos que ilustram este artigo, pode lhes dar uma ideia. Aproveitem para conferir o post dela sobre a apresentação do Stomp, clicando aqui.
E aí vai um pouquinho de Stomp em vídeo:

O Stomp se apresentará no Credicar Hall amanhã, quarta-feira, depois seguirá para o Rio de Janeiro, Curitiba, e então, Porto Alegre. Informações sobre ingressos:

www.stomponline.com

Comentários

Carmem Silvia disse…
Li e gostei.
Tô seguindo e divulgando.
Vera Figueiredo disse…
Partilhamos da mesma emoção nesse mesmo dia e o corpo todo é só groove. O beat com os pés, mãos, a dança... a parte timbrística, descreve o universo do STOMP. Legal Carla.
Vera Figueiredo
Carla Dias disse…
Carmem... Obrigada!

Vera... Obrigada pela oportunidade de assistir ao espetáculo.