Os fãs perguntaram e ele respondeu

O cantor e compositor Kléber Albuquerque respondeu perguntas enviadas pelos seus fãs, o que resultou na entrevista abaixo.

Cada pessoa sente a música de uma forma diferente. Quais as sensações que as suas músicas te trazem? Pra que lugar dentro de você elas te levam?
Minhas canções trazem-me sensações diferentes, a depender do momento. Geralmente, quando estou compondo, a sensação mais forte é a de necessidade de manifestação, e certa febre que não passa enquanto a canção não termina. Algumas canções me dão uma sensação de nudez, pois vejo meus sentimentos muito expostos nelas. Outras dão a sensação de ensinar coisas a mim. Outras parecem pessoas que encontro na rua.

Você começa a compor pela música ou pela letra?
Geralmente, surge algum verso já escorado por uma intenção de melodia e, a partir daí, vou desenvolvendo a canção até a forma final.

Com que idade você percebeu que já era um artista tão bom?
Obrigado pela gentileza do adjetivo. Percebi que tinha vocação artística muito jovem, por volta de sete ou oito anos. Gostava de inventar músicas para consumo próprio, tinha já a cabeça povoada de melodias. No entanto, na época, gostava mesmo era de desenhar. Fui me interessar mais seriamente por música na adolescência, quando comecei a participar de bandas de rock. Foi então que comecei a compor minhas primeiras canções.

O que você busca como artista?
Penso que a condição de artista seja, mais do que ofício, vocação. Neste sentido, creio que minha busca artística seja mais por um jeito de olhar as coisas e uma vontade de expressar a singularidade desse olhar. Acho que este é o impulso básico que me leva a criar.

O que você acha da política no Brasil?
Acho que a política se faz em vários níveis. No sentido comum de política partidária, percebo uma lenta melhora nos hábitos da política brasileira, em que pesem os constantes escândalos nos noticiários, graças ao cada vez maior acesso das pessoas às informações. Acredito que nosso país vem amadurecendo aos poucos e, no sentido simbólico, vejo uma melhora em nossa autoestima como brasileiros. Mas penso também que a classe política acaba repetindo, numa escala maior e mais devastadora, a mentalidade comum das pessoas no que se refere à distinção entre os interesses individuais e coletivos.

Você acha que é possível trabalhar com ARTE sem Amor?
Acho que sim, pois penso que não pode haver nada que diminua a liberdade artística, mas penso também que faz uma grande diferença quando se faz qualquer coisa com amor.

Qual momento da sua carreira o emocionou mais?
Já vivi momentos muito emocionantes na carreira, mas houve um em especial quando, ao participar de um festival de música, conheci um grupo de cadeirantes que usavam camisetas com a letra de uma canção minha e de Élio Camalle, chamada “Isopor”. Me emocionei quando me contaram da importância desta canção para eles.

A sua família é inspiração para sua composição?
Talvez não diretamente. A vida é inspiração para composição e é mais fácil ver o que está próximo. Então a família, os amigos, as paisagens e pessoas que me cercam acabam tornando-se matéria e inspiração para minhas canções.

Que tipo de música você escuta?
Depende do momento. Normalmente não ouço muita música quando estou compondo, para ouvir melhor as músicas que surgem na cabeça. Mas gosto de eventualmente passear pelo rádio e ouvir as canções que todo mundo ouve. De vez em quando me apaixono por alguma canção e fico ouvindo-a mil vezes. A última canção que me tocou assim foi “Sunday Smile”, do Beirut.

Qual das suas composições demorou mais tempo pra ser finalizada?
Acho que a mais demorada foi “Vigília”, uma canção do meu segundo cd. Fiquei meses com ela pela metade, sem conseguir encontrar uma segunda parte. Depois de muito tempo decidi colocar um pedaço de outra canção inconclusa nela e, assim, consegui finalizar a canção. Um exemplo muito ecológico de reciclagem musical.

Há uma canção de sua autoria que te toca profundamente?
Gosto de uma em especial. Chama-se “Movimento” e está em meu cd “O Centro Está Em Todas As Partes”. Penso que seja minha melhor canção.

Quando você volta para Santo André para alegrar nossa cidade e encher nossos ouvidos de boa música?
Estou sempre voltando a Santo André, terra onde tenho amigos e família. É aquela velha ligação com o rio de nossa aldeia, ainda que seja o Tamanduateí...

Quais são os seus ídolos da vida?
Acho que não tenho ídolos, no sentido corrente da palavra. As pessoas que admiro são demasiado humanas, e eu as vejo assim.

Além da música, você se dedica a algum outro tipo de arte?
Sim. Gosto de literatura, de desenhar, pintar e ultimamente venho me dedicando à videoarte. Também tenho uma ligação muito forte com o teatro.

Qual canção de outro compositor que você gostaria de ter composto?
Muitas. Gostaria de ter composto “Carinhoso”, do Pixinguinha. Também gostaria de ter composto “Parabéns a Você”, mas desde que pudesse receber os direitos autorais pelas execuções.

Qual palavra faz você pensar em felicidade?
A palavra felicidade.

Fazer arte é colaborar para um mundo melhor?
Acredito que sim, num certo sentido. Penso que a Arte não deve ter compromisso de antemão com nada, nem mesmo com um mundo melhor. A função dela é oferecer um tipo de lente muito específico, pela qual podemos observar as coisas. Penso que o exercício deste tipo de observação ajuda a melhorar o mundo.

Quando você compõe em parceria, você contribui com a música e a letra ou vice-versa?
Depende muito da ocasião e do parceiro. Costumo compor tanto letra como música, então às vezes recebo letras para musicar, e em outras, música para letrar. E outras vezes ainda as coisas ocorrem junto, com cada parceiro contribuindo com um pedaço da canção.

Em sua opinião, tudo pode virar música ou poesia?
Imagino que sim. Poesia come de tudo. E a música melhora o sabor.

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