Roque Santeiro | O musical

Foto: João Caldas | Divulgação
A fictícia cidade de Asa Branca é cenário para uma trama na qual o bem-estar do cidadão serve como fachada para interesses próprios. Políticos e religiosos seguem se estranhando, mas nem tanto. Na hora do agrado, todos chegam a um acordo.

Não se trata de uma adaptação da novela que foi ao ar nos anos oitenta. O musical é baseado na peça de teatro O Berço do Herói, escrita por Dias Gomes nos anos sessenta, que foi censurada. A novela também é baseada nessa peça, mas o musical segue a trama da peça, e se diferencia em muito da adaptação feita para a novela.  

Em cartaz no teatro FAAP, em São Paulo, Roque Santeiro | o musical conta a história do Cabo Roque, que foi declarado morto durante uma batalha. A partir desse ocorrido, um herói é forjado, criando-se uma lenda e um mercado em torno dela. Durante anos, Asa Branca vive do turismo gerado pela história de Roque Santeiro e sobrevive aos interesses de figuras da política e da igreja.

Sustentar uma mentira, com seu protagonista morto, é uma coisa. Porém, quando Roque volta à cidade, sem qualquer problema em enfatizar sua covardia ao encarar o campo de batalha, os que criaram essa fonte de renda voluptuosa se veem de cara com a possibilidade da ruína, e começam a pensar em uma forma de se livrarem do problema.

Os personagens de Roque Santeiro são sedutores. Das moçoilas sob a batuta da atinada Matilde (Luciana Carnieli), dona do bordel, passando pela nada discreta viúva Porcina (Livia Camargo) e seu comparsa Sinhozinho Malta (Jarbas Homem de Mello), chegando ao problema em si, Roque (Flávio Tolezani), o cômico se mistura ao trágico, e enquanto o espectador gargalha, também compreende o quão inocente o culpado pode parecer ao contar a mentira como se fosse verdade absoluta. O quanto o inocente, ás vezes, prefere mergulhar na mentira a ter o trabalho de lidar com a verdade.

Zeca Baleiro é responsável pela direção musical. Ele musicou letras existentes, de autoria de Dias Gomes, e compôs outras. Alguns atores e dois músicos - André Bedurê (baixo e violão), que conheço de outros palcos, e Érico Theobaldo (guitarra, percussão e eletrônicos) - interpretam as canções ao vivo. Da trilha sonora original, somente duas: Dona e ABC do Santeiro, ambas de Sá e Guarabyra.

Roque Santeiro | o musical me agradou muito. Gostei das interpretações, da música, dos diálogos. Os atores estão ótimos, e não há como negar que os momentos entre Sinhozinho Malta e viúva Porcina, assim como as intervenções de Toninho Jiló (Marco França), enriquecem a trama. A direção é de Débora Dubois.

Aos que ainda não assistiram ao espetáculo, não deixem passar a oportunidade. Roque Santeiro | o musical ficará em cartaz até dia 14 de maio.

ROQUE SANTEIRO | o musical

Até 14/05/17

Texto: Dias Gomes.
Direção: Débora Dubois.
Direção musical: Zeca Baleiro.

ELENCO: Jarbas Homem de Mello, Livia Camargo, Flavio Tolezani, Mel Lisboa, Luciana Carnieli, Edson Montenegro, Dagoberto Feliz, Nábia Villela, Yael Pecarovich, Giselle Lima, Marco França, Samuel de Assis, Cristiano Tomiossi.

LOCAL
Teatro FAAP
Rua Alagoas, 903
Higienópolis | São Paulo | SP

DIAS E HORÁRIOS
Sextas e sábados | 21h
Domingos | 18h

INGRESSOS
Bilheteria: quarta a sábado | das 14h às 20h * Domingo | das 14h às 17h.
Televendas: 11 3662 7233 | 3662 7234
Pela internet: clique aqui.

Indicação: 14 anos
Duração: 120 minutos

https://www.facebook.com/roquesanteiroomusical

Comentários