A minha trilha sonora
A música é esse lugar onde cabem todos, mesmo que cada um de nós escolha de qual artista gostar e desgostar. Ainda assim, na diferença, é música. Quando ouvia as canções de Adoniran Barbosa e Cartola saindo do radinho de pilha da minha avó, não imaginava a grandeza que a música representava. Naquela época, essas canções apenas serviam de trilha sonora para a hora do café da tarde, quando logo depois minha avó começava a preparar o jantar. Sem contar a espera, até que meu avô cantarolasse: Acorda Maria Bonita / Levanta e vai fazer o café / Que o dia já vem raiando / E a polícia já está de pé (Acorda Maria Bonita de Volta Seca). Minha mãe também tinha sua canção-de-bolso, que cantava para mim e minhas irmãs e irmão, frequentemente. Uma canção triste que só, mas linda também: D errubei pau a machado/E o mato fino rocei/Depois que o mato secou/Eu botei fogo e queimei (A Rosa e a Formiga de Heitor de Barros). A música continua sendo trilha sonora, trinta anos depois. Mas a diferença está...