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O relutante fundamentalista

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Há filmes que são preciosidades. Muitos deles, tornam-se atemporais, pois abordam o ser humano em sua inegável capacidade de ser benevolente, assim como cruel. Há também aqueles que são brilhantes em sua abordagem, que nos levam a olhar para grandes tragédias como que observando cada criminoso, cada vítima. Há uma proximidade que nos leva a observar com mais intimidade nosso próprio comportamento. O Relutante  Fundamentalista  ( The Reluctant Fundamentalist) é um desses filmes que nos inquieta e nos leva a uma jornada interior. Parte de um ato terrorista, com milhares de vítimas, e aporta na vida de um único personagem, alguém que sofre as consequências de tal ato, o que se mostra revelador, apontando um comportamento que tendemos a trazer para a vida de cidadão comum. O filme é pontuado pelo momento em que o professor paquistanês Changez (Riz Ahmed) aceita conceder uma entrevista ao jornalista americano radicado no Paquistão, Bobby Lincoln (Liev Schreiber), so...

Elas e as importâncias

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O conteúdo é dolente, mas tem humor desprovido do sensacionalismo que impera nos telejornais. É justamente na crueza do ocorrido que se debruça o espetáculo. O humor conduz o espectador à contemplação do que a maioria tende a não observar com a devida atenção, mas que acontece às mulheres do mundo, não somente àquela que você não conhece. Acontece também àquela do pequeno mundo que é a casa ao lado, ou a sua própria. Fui assistir ao espetáculo Os Monólogos da Vagina pela quarta vez, no Teatro Gazeta, em São Paulo. Penso que seria muito interessante se você, que não sabe do que se trata, assistisse também. Homens são muito bem-vindos. Não pensem que é só para mulheres, por conta do título. Alguns que conheço já tiveram essa dúvida, mas fiquem tranquilos que é espetáculo para todos. [Se quiser ler sobre a apresentação de comemoração de quinze anos de espetáculo, clique AQUI .]  Acredito que, se você assistir ao espetáculo uma única vez, já fará uma grande diferença, q...

A paixão segundo Nelson

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Acabei de chegar em casa. Acabei de chegar em casa, vinda do teatro. Não é de meu feitio escrever a respeito das minhas aventuras como espectadora de feitos artísticos, assim, no mesmo dia. Gosto de ruminar. Sou ruminadora por natureza. Mas não hoje. Acabei de chegar do teatro e sinto uma vontade imensa de falar sobre o que vi. Falarei, então. Melhor... Escreverei. Você pode pensar: ah, mas é só um espetáculo! Uma pena mesmo será se você não puder ver o que vi, pouco antes de chegar em casa, vinda do teatro. Então, dizer a si: “ah, que espetáculo! ” Assisti ao A Paixão Segundo Nelson [uma farsa musical brasileira] , no Teatro Bradesco, aqui em São Paulo. Com adaptação dos textos de Nelson Rodrigues feita por Zeca Baleiro, quem também assina as canções originais. Eu que ando nesse apaixonamento pelo teatro sendo amplificado a cada vez que assisto a um bom espetáculo, ganhei hoje a oportunidade não só de ver personagens de Nelson Rodrigues desfilarem pelo palco, mas tais ...

Estúpido Cupido | O musical

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Foto: Reprodução A cada vez que vou ao teatro, aumenta consideravelmente meu afeto por essa vertente artística. Admiro mais e mais aqueles que têm o talento de levar acontecimentos a um palco, chegando ao ponto de contar uma história. Falando em afeto, desta passagem pelo teatro vou guardar o assanhamento considerável da minha memória afetiva por conta da música. Domingo passado, foi a última apresentação da temporada do espetáculo Estúpido Cupido no Teatro Gazeta, em São Paulo. O musical marca a comemoração de 50 anos de carreira da protagonista, Françoise Forton, o que também inclui a exposição A Incansável Guerreira da Art e. O repertório do espetáculo é formado por canções que tocavam em todas as festas da minha infância... Desculpem, mas eu avisei: memória afetiva. E parece que a memória não era somente minha. Os presentes vibraram e cantaram junto com os hits dos anos 60 e 70 e de festas da infância e adolescência de muitos deles. Estúpido Cupido conta a histór...

Sem retorno | Quantas pessoas você quer ser para viver para sempre?

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Ele não passou pelas salas de cinema do Brasil, o que podemos lamentar. No começo de dezembro, foi incluído no catálogo do Netflix.  Entre tantos filmes dispensáveis que estreiam todo ano, Sem Retorno (Self/less - 2015) merecia as salas de cinema. Melhor... Aqueles que ainda vivem sem o Netflix poderiam conhecê-lo. O filme conta com uma boa trama, cenas de ação, o mocinho e o bandido que acredita que é mocinho. Ainda assim, nada disso seria suficiente sem a competência dos atores, da direção e um bom roteiro para contar uma história que muitos já contaram, mas de outra forma. Sem Retorno | Ben Kingsley (Damian) Ben Kingsley é dos meus atores preferidos. Ele participa apenas de uma parte do filme, ainda assim, sua presença é marcante. Ryan Reynolds já provou que é talentoso e competente, não importa o estilo de filme. O britânico Matthew Goode vem participando de algumas séries que das quais eu gosto muito, interpretando Stanley Mitchell em Dancing on the Edge...

Filipe Catto | Voz, palco, música e poesia

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Feito uma droga lenta Uma ressaca imensa Tua boca me arrebenta, amor Me leva por um fio, me despe no vazio Da canção “Adorador”, de Filipe Catto e Pedro Luís, do disco Tomada Sábado passado, estive no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, para assistir, ao lado de grandes amigos, ao show de lançamento do disco Tomada , de Filipe Catto. Eu já havia escrito a respeito do impacto desse artista e desse disco na minha pessoa – o espírito agradece profundamente –, em uma crônica publicado no Crônica do Dia, e que você pode ler clicando aqui . Escrevo sobre o que me alimenta a alma. E esse show, meus caros...  Filipe Catto é recente na minha lista de afetos. Fisgou-me a atenção com a canção Adoração , de sua autoria, ano passado. A partir daquele momento, de ter escutado tal canção, tornei-me apreciadora de sua obra, da interpretação poderosa que ele oferece à música.  Porém, havia esse espaço não preenchido nessa benquerença toda. Vê-lo no palco, escu...

Chaplin é espetáculo arrebatador

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CHAPLIN, O VAGABUNDO | O que o espetáculo me mostrou Carlitos | Cena do filme Luzes da Cidade Falo sobre mim, mas já escutei outros escritores dizerem o mesmo. Às vezes, é difícil e leva tempo para me despedir dos personagens que crio. Às vezes, retardo o final da história, apenas para manter aquele personagem vivo, passível de outras tramas. E ao dizer adeus, mergulho em uma tristeza digna de quem perdeu um ente querido. Personagens não fazem parte somente do mundo das artes. Todos nós, eventualmente, vestimos personagens ao lidarmos com situações que pedem mais de nós do que usualmente oferecemos. No processo, muitos aprendem um pouco mais sobre a vida e suas mazelas. Outros se rendem aos seus personagens, levando uma vida na corda bamba existencial. No último sábado, fui ao teatro para assistir a um espetáculo musical sobre uma pessoa que não apenas criou, mas viveu seu personagem e com ele contribuiu amplamente com a história do cinema. Chaplin, O Musical conta a his...