U2 | Um show além da música

Ontem, o Estádio do Morumbi (SP) estava lotado para o terceiro e último show no Brasil do U2, da turnê 360º.
Fã desde a época em que começaram a banda, eu não sabia o que esperar, mas esperava ansiosa, como a maioria dos presentes. Fui de pista, então nem tudo da movimentação do palco eu consegui conferir, não vou conseguir dar detalhes a respeito. Porém, certamente o telão nos fez sentir como se estivéssemos em cima do palco, junto com a banda. Isso diminuiu a distância. E em certos momentos do show, a transformação do telão, as mensagens expostas nele, a tradução simultânea do que Bono dizia, enfim, foi um show dentro do show.

Ao subirem ao palco, Larry Mullen Jr., Adam Clayton, The Edge e Bono Vox realizaram meu sonho desde que comecei a cantarolar suas canções, com um dicionário ao lado, que era para entender o que cantavam. E neste momento, também compreendi com mais clareza a importância de músicos que conseguem, décadas depois, manter a sua música com um frescor inigualável. Isso é o que os torna atuais, capazes de arrebanhar novos fãs – na novidade e na idade -, apresentarem-se pelo mundo afora.

O U2 abriu o show dessa quarta com “Even Better Than A Real Thing”, e em pouco tempo, já estávamos entregues ao som peculiar da guitarra de The Edge, ao baixo vibrante de Adam, à bateria ‘cheia’ de Larry, e à voz inconfundível de Bono.

Um show do U2, concluí, não é apenas um show, mas uma viagem através do que nos faz apaixonar pela banda. É o som feito impressão digital, com identidade própria, e as letras que falam de tantas importâncias, como o amor, mas em suas várias versões, chegando mesmo àquele que falta - como reza a canção “Pride (In The Name Of Love). Aliás, quase 90 mil pessoas cantando essa canção com a banda foi de arrepiar.

O áudio do show foi transmitido por rádio e online, ou seja, o público ultrapassou os presentes no Morumbi, chegando a outros países.

Sobem ao palco, também, as convicções da banda, os trabalhos sociais e de conscientização dos quais Bono já se tornou representante. Ele chega a um país sabendo sobre ele, falando com seus políticos, pedindo pela compreensão do que aflige a sociedade e coloca em risco a liberdade do ser humano. Durante o show, houve intervenções no telão, através de imagens e depoimento, mensagens, todas tratando de assuntos que estão aí, e aos quais a maioria de nós dedica a indiferença, como se não nos afetasse em nada, como se não habitássemos o mesmo planeta. Até mesmo as mães das crianças de Realengo foram lembradas.

Esse lado político e social apenas nos leva a outro patamar da música do U2: a humanidade. Ela está presente nas letras, nas ações deles, nos vários agradecimentos verbalizados por Bono a nós, seus fãs, por termos os colocado onde estão hoje. E não é uma declaração vazia, como já vimos em muitos artistas fazerem por puro ibope, em busca da empatia fácil de um público que aprecia ser reconhecido como engrenagem para o sucesso de seus afetos. A jornada do U2 apenas comprova que eles são merecedores de todo sucesso do qual desfrutam, porque eles fazem bom uso dessa oportunidade, e abraçam o mundo e suas questões mais difíceis, durante o caminho. Transformam a necessidade de mudança em canções, e essas canções em ações.

Sendo assim, o show do U2, para mim, não foi apenas entretenimento. Acho que não foi somente isso para todos os presentes, para os que se emocionavam canção após canção, e com as palavras de Bono, com o cenário estampando essas canções. As mensagens que suas canções lançam estão lá, assumidamente importantes, pedindo para que olhemos para nós mesmos, analisemos nossas escolhas, percebamos que somos ONE – um, ao menos nas batalhas que pedem por isso, que significam o bem-estar de tantos, não apenas o nosso.

Rubia e eu, antes do show

O momento mais emocionante para mim foi quando o U2 tocou um trecho de uma música que tenho por hábito cantarolar, antes de dormir. “All I Want Is You” é uma das canções mais belas já compostas.

O primeiro show do U2 que assisti valeu e em todos os sentidos. Era um sonho, agora se realizou, mas minha lista de desejos, onde cabe o que eu quiser, independente se acontecerá ou não, acabei de incluir:

Assistir um show do U2 em uma casa de show para apenas algumas centenas de pessoas, bem de perto.

Sonhar, por que não?

U2 360º Tour 13/04/2011 – Estádio do Morumbi

SET LIST

Even Better Than The Real Thing I Will Follow Get On Your Boots Magnificent Mysterious Ways Elevation Until The End Of The World I Still Haven’t Found What I’m Looking For Pride (In The Name Of Love) The Model - convidado: Seu Jorge Beautiful Day Miss Sarajevo Zooropa City Of Blinding Lights Vertigo I’ll Go Crazy If I Don’t Go Crazy Tonight Sunday Bloody Sunday Scarlet Walk On

BIS One Where The Streets Have No Name Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me With Or Without You Moment Of Surrender

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