Através dos preferidos

O ator britânico Matthew Macfadyen

Acredito que a maioria daqueles que apreciam o cinema e a televisão, tenham as suas preferências de ator/atriz e de diretores. Em casos como este, dispensa-se a sinopse, indo direto ao produto, sem medo de errar. Raramente, o filme, a série ou a minissérie desapontam, porque ao escolhermos nossas preferências, contamos com o bom gosto daqueles que escolhem os seus papéis. Não que seja impossível nos desapontar, mas pensando desta forma, certamente é mais raro de acontecer.

Interpretando Mr. Darcy, em Orgulho e Preconceito

Recentemente, assisti pela quinta vez ao filme Orgulho e Preconceito (Pride and Prejudice/2005), de Joe Wright, baseado na obra da escritora inglesa Jane Austen, que eu admiro muito. Neste filme, descobri o ator Matthew Macfadyen, que interpretou o famoso personagem de Austen, o Mr. Darcy. Não é apenas pela complexidade ou por eu ter gosto em me embrenhar em universos de personagens mais densos, mas Macfadyen foi o melhor Mr. Darcy do cinema e da televisão. Ele deu credibilidade a um homem indiferente ao romance, com certa rudeza, mas que, ainda assim, conquista os espectadores.

Macfadyen, então, entrou para a minha lista de preferidos, portanto, dos que assisto a tudo, sem ler sinopses ou dar atenção às críticas. Porém, a jornada está em curso.

Estou assistindo a série inglesa Spooks, uma produção da BBC One e conhecida no Brasil como Dupla Identidade. A série fala sobre a rotina de espiões ingleses do MI-5, o equivalente à CIA dos americanos. Macfadyen é Tom Quinn, personagem que ele viveu nas primeiras três temporadas. Spooks está na décima e última temporada da série.

Como Tom Quinn, esquecemos Mr. Darcy e vemos um homem que vive diversas histórias, mas não consegue viver a sua própria. Além dos casos do MI-5, a vida pessoal dos espiões é abordada, o que torna a série muito mais interessante. O personagem de Macfadyen, por exemplo, mantém um romance com uma mulher que acredita que o nome dele é Matthew (o nome do ator!) e ele é um técnico de informática. Quando a verdade vem à tona, os riscos de se relacionar com quem não é espião ficam bem claros.

E apenas para citar outro ator que aprecio muito, a participação de Hugh Laurie na segunda temporada de Spooks vale ser conferida. O House, da série homônima, vale-se de toda crueza do humor negro do inglês para coordenar o MI-6, que cuida de assuntos internacionais.

Ainda há muito material com a participação de Macfadyen para eu conferir. Entre eles, já está no play a minissérie Perfect Strangers (2001), do qual já assisti o primeiro dos três episódios, e para 2012 o Ana Karenina, mais um filme do diretor Joe Wright.

Do que já assisti, a minissérie Any Human Heart foi das mais gratas surpresas, e não apenas pela participação de Macfadyen. Ela conta também com o fantástico Jim Broadbent, um dos mais versáteis atores ingleses, que participou de filmes como Tiros na Broadway (Bullets Over Broadway/1994), Iris (Iris/2001), e Gangues de Nova York (Gangs of New York/2002).

Any Human Heart é baseada no livro de William Boyd, também responsável pela adaptação do mesmo para a telinha. A história gira em torno da vida de Logan Montstuart, sendo contada através de flashback pelo personagem aos oitenta anos. A minissérie estreou em 2010, pelo Channel 4.

Logan quer ser escritor. Durante a sua juventude, na companhia dos amigos, a sua busca girava em torno de perder a virgindade, antes de se formar. Assim que o sexo entra na equação, Logan tem uma série de relacionamentos complexos. Ele consegue publicar dois livros, mas depois, o que resta é uma recorrente promessa de arranjar tempo para escrever o próximo, aquele que será o maior sucesso da sua carreira como escritor. Enquanto isso não acontece, ele trabalha em diversas áreas, e com referências históricas e interação ficcional com indivíduos reais, William Boyd costura uma história que mergulha na questão existencial, e também na passagem do tempo que parece, sempre, não nos poupar de passar rápido demais.

Macfadyen interpreta Logan adulto, e o faz com maestria, porque este é um personagem repleto de inquietações, que nunca se sentiu capaz de adaptar, mas que ao mesmo tempo, é de uma doçura e bondade gritantes. Tanto Macfadyen quanto Broadbent, e o mesmo eu digo sobre Sam Clafin, que interpreta o personagem na juventude, fizeram um trabalho muito especial ao construírem um Logan Montstuart crível, que lida com certa inocência com os revezes da sua vida.

Como diz Logan, “cada ser humano é uma coleção de eus; não permanecemos a mesma pessoa conforme seguimos nossa jornada pela vida”, e Any Human Heart aborda as versões de uma existência de forma emocionante.


  

Comentários

Lia Christo disse…
Oi Carla, tudo bem?
Adorei sua matéria e também sou fã apaixonada por Matthew!
Inclusive tenho um blog dedicado a ele. Se quiser passe por lá, beijos e parabéns pelo seu blog.
www.mmbrasilfan.blogspot.com
Carla Dias disse…
Olá Lia! Bom tê-la por aqui.
Pois é, estou assistindo o que está disponível sobre o Matthew Macfadyen. Assisti Pilares da terra e um filme belíssimo, sobre o qual em breve escreverei no meu blog, Um refúgio no passado. Você já assistiu?
Visitei o seu blog... Muito bacana! Voltarei sempre para visitar.
Hoje publiquei uma crônica que cita o Mr. Darcy do Matthew. Sequiser conferir: http://crondia.blogspot.com/2011/12/de-malas-prontas-carla-dias.html.
Beijos!