Sobre paraísos




Não é uma história de amor... Mas é. Não é uma história sobre drogas... Mas é. Não é uma história sobre música eletrônica... Mas é. Não é somente, porque tudo se mistura.

Paraísos Artificiais, primeiro longa de ficção de Marcos Prado, e do qual é roteirista ao lado de Pablo Padilla e Cristiano Gualba, é apresentado como “Uma história de amor e êxtase”, mas acredito que seja mais, apesar do amor que pontua a trama e das muito bem dirigidas cenas de sexo, a maioria com personagens em viagens provocadas pelas drogas.

A história é contada entrelaçando três períodos das vidas de Érika (Nathalia Dill) e Nando (Luca Bianchi), ótimos atores que interpretam muito bem os seus papeis. Um deles acontece em paradisíaca praia do nordeste brasileiro, durante um festival de música eletrônica. As pessoas dançam, flertam e usam drogas, algumas por pura diversão e outras, abraçando um quê hippie, estão em busca de uma viagem interior que lhes dê as respostas que procuram. Érika é DJ e faz sua estreia durante o evento. Na companhia de Lara (Lívia Bueno), ela mergulha em si, valendo-se das emoções provocadas pelo sexo e pelas drogas.

Nando foi ao festival com um amigo, Patrick (Bernardo Melo Barreto). No caso dele, o uso de drogas é pela diversão, pela experiência de usá-la durante a rave.


O segundo momento se passa alguns anos depois, quando Nando e Patrick viajam para Amsterdam, na Holanda, e Érika o reconhece em uma festa da qual é DJ, mas ele não. Os dois se envolvem, acabam apaixonados, mas Nando tem de voltar para o Brasil, trazendo drogas, porque precisa do dinheiro. O terceiro momento se passa no Rio de Janeiro, quando Nando sai da prisão, alguns anos depois de ser preso com as drogas, já no Brasil. 

Com uma fotografia impecável e dessa maneira fragmentada, porém muito bem colocada, Marcos Prado constrói uma trama na qual o amor guia os personagens em seus conflitos pessoais, enreda reencontros e mostra como as drogas influenciaram seus destinos. E o mais interessante, o que realmente torna Paraísos Artificiais um grande filme, é que não se toma partido. Não é um filme onde escolhas ruins se separam das boas, como se fosse uma batalha entre o bem e o mal. Nele tudo se mistura e acontece, assim como acontece na vida.


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