Não estou mentindo


Publicado originalmente no site
Crônica do Dia, em  15/02/12



Todos por aqui sabem que sou apaixonada por séries... Também. Entram no pacote das telinhas e dos telões as minisséries e os filmes. Porém, ser fã de série de televisão é muito mais do que ser noveleiro, como muitos dizem por aí, porque a novela passa de segunda a sábado, e conseguimos ficar bem sem ela aos domingos, e nem sempre são realmente boas, mas somente uma distração após um dia de trabalho. Porém, as séries contam com um episódio por semana e ainda são por temporadas, ou seja, passamos meses esperando o próximo capítulo, quer dizer, episódio. 

No ano passado, descobri que algumas séries, que não me atraíam em nada, eram ótimas pedidas. Isso porque em período de middle season (quando não há episódio inédito da série, durante algumas semanas) e festas de final de ano, não há o que assistir que não seja de repeteco. Foi assim que incluí na minha extensa, porém seleta lista de favoritas, as séries The Tudors, Justified, The Vampire Diaries e Mad Men.


The Tudors teve quatro temporadas, e para quem não assistiu, vale alugar a série e conferir. Ela aborda os dez primeiros anos do reinado de Henrique VIII da Inglaterra. É uma produção impecável, que mostra um homem capaz de desafiar a então soberana Igreja Católica Romana, criando um cenário propício para que suas ações fossem perdoadas aos olhos de Deus. E a sua vida amorosa é tão trágica quanto a situação em que ele deixava muitos dos seus amigos e súditos. Entre Catarina de Aragão e Ana Bolena, o sedutor rei visitou o inferno. Jonathan Rhys Meyers interpreta Henrique VIII com competência, seduzindo a todos com a forma como conduz o personagem.


Justified chegou à terceira temporada, e assumo, pública e cronicamente, que não há como não cair de amores por esta série. A princípio, como não sou fã de faroeste, e era o que eu via nas imagens de divulgação, um cowboy, relutei em começar essa jornada. Mas então li que o ator que interpreta o personagem principal era o Timothy Olyphant, que eu adoro. Lá fui eu... E de lá não mais saí. Raylan Givens é um delegado vintage, por isso o quê de cowboy. Olyphant dá muito crédito ao personagem, e se não fosse isso, os tiros que pipocam de montão durante a série, os amigos improváveis do Kentucky (EUA), não seriam tão interessantes.


The Vampire Diaries eu repeli, antes mesmo de assistir a um episódio, mas porque estava passando pelo período de luto pelo cancelamento da série vampiresca mais bacana que já havia assistido, a Moonlight, protagonizada por Alex O’Loughlin, o atual Steve McGarret de Hawaii Five-O (que eu também adoro!). Porém, depois de dar uma chance a ela, mas sem muita animação, e me propor a assistir ao primeiro episódio, oficializei a minha carteirinha de fã. A história dos irmãos Damon e Stephan Salvatore –vampiros que se apaixonaram, ainda humanos, pela mesma mulher, a vampira Elizabeth, e que reencontram uma cópia dela nos dias atuais, pela qual ambos se apaixonam, uma humana, Elena, ambas interpretadas por Nina Dobrev – faz a tensão entre eles ser extremamente interessante. A ironia de Damon Salvatore (Ian Somerhalder ) é de se tirar o chapéu, sendo até mais apreciada do que o desejo de Stephan Salvatore (Paul Wesley) em preservar o pouco de humanidade que lhe resta.


Mad Men é uma vitrine comportamental não apenas dos transeuntes do cenário publicitário dos anos 60, mas de toda uma geração, conduzida pelo publicitário Don Draper (Jon Hamm) e seus companheiros da Madison Avenue. A forma como a sociedade é definida, através das campanhas publicitárias, é de nos fazer pensar como consumidores e seres humanos. Além do mais, a série trata de como os publicitários driblavam as restrições sobre a divulgação do fumo, assim como lidavam com o romance com suas secretárias, as suas “garotas”, sob a sombra da política contra o assédio sexual. A série mostra bem a posição do homem e da mulher na época, enquanto vende o sonho americano, sem se importarem com o custo disso. Uma época em que beber e fumar muito era essencial aos homens de negócio, o que faz com que o telespectador se sinta deveras incomodado com tanta fumaça e pileques. Uma ótima série sobre pessoas dispostas a tudo para vender um produto.

Na verdade, comecei essa crônica pensando em falar sobre uma série que chegou à sua última temporada, causando pânico nos dependentes dela. Mas assim como as séries que citei antes, essa eu comecei a assistir por outro motivo, e acabei me tornando, ao lado de milhares e milhares de pessoas, uma fã de primeira dela.

Eu soube que o Dave Matthews participou de um episódio de House MD. Como era o episódio 15 da terceira temporada, e eu nunca começo a assistir uma série pelo meio, aluguei desde a primeira temporada. Passei uma semana chegando à minha casa às nove da noite e assistindo episódios da série até as três da madrugada.

House chegará ao fim em maio, e com o saldo mais do que positivo. Hugh Laurie conseguiu construir um personagem complexo, e ainda ser o inglês mais americano que já vi. Mas o ator tem outros talentos, é músico – lançou o CD Let Them Talk –, escritor – publicou o romance O Vendedor de Armas –, e deseja trabalhar escrevendo, produzindo e dirigindo. Televisão? Cinema? Quem sabe ambos.

House vai fazer falta...


E eu não estou mentindo...


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