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Mostrando postagens de 2014

Crazy For You | Parte 2 do deslumbramento

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Foto © Divulgação Assisti ao musical Crazy For You em dezembro do ano passado. Aconselho a quem estiver lendo esse texto que confira o que escrevi a respeito na época, antes de continuar, apenas para compreender melhor o que direi a seguir. Clique aqui para ler. A reestreia do musical em São Paulo aconteceu no final de semana passado. Crazy For You ficará em cartaz, com temporada popular no Teatro Sérgio Cardoso, até dia 21 de setembro. Domingo, fui ao teatro novamente, esperando por um espetáculo ainda mais afinado do que a primeira vez que o assisti, já que as apresentações vão sendo lapidadas com o tempo. Porém, encontrei um pouco mais do que esperava.  Na descrição do Crazy For You que assisti nesse fim de semana, cabem muitos adjetivos, mas um fica ecoando na minha cabeça: o espetáculo foi muito, mas muito bonito.  Não sei se os outros espectadores se sentiram como eu me senti, mas para mim era como se fosse possível sair de lá cantando, sapateando, s

Como se fosse história em quadrinhos

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Sábado passado, acompanhei uma amiga no seu fazer de produtora cultural. A Drika Bourquim trabalhava em uma programação paralela à da Bienal do Livro, realizada pelo SESC, que promoveu uma série de encontros entre autores em suas unidades. A do dia 30 de agosto aconteceu no SESC Pompéia, com dois autores que eu não conhecia e tive muita sorte de conhecer: David Mairowitz e Marcello Quintanilha. Mairowitz e Quintanilha são autores do cenário dos quadrinhos, do qual, não vou enganá-los, pouco sei, não por desgostar do segmento, apenas por não conhecê-lo.  Marcello Quintanilha e David Mairowitz Foto  © Drika Bourquim Encontros como estes são muito importantes, independente do segmento. Na minha função no Batuka! Brasil , festival no qual atuo como diretora de produção, os workshops com bate-papo entre os artistas e o público não somente sanam as dúvidas dos interessados no assunto, mas também inspiram muitos a fazerem escolhas que melhoram a sua própria relação com o fazer art

Ela e a solidão dele

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Eu fiz hora para assistir ao Ela (Her/2013). Mesmo sendo fã do Joaquin Phoenix, ficar curiosa a respeito de um drama escrito e dirigido por Spike Jonze, e muitos amigos terem tecido comentários interessantes sobre o filme, ainda assim eu protelei. O enredo do filme me inquietava. Eu acabara de assistir à série britânica Black Mirror , que abordava as formas que a tecnologia assumiria na vida do ser humano futuramente, com um olhar realmente obscuro. No episódio Be Right Back , a inteligência artificial é utilizada, a princípio, como forma de ajudar uma mulher a superar a morte de seu companheiro. Mas como as pessoas às vezes acabam por delegar à tecnologia o papel de progenitora de milagres, o desfecho da história raramente é positivo. Assim como no episódio de estreia da segunda temporada de Black Mirror , Ela traz para a realidade de um ser humano a humanidade imaginada, que cabe em um computador. Então, ainda digerindo os seis episódios da série, eu escolhi deixar o Ela

Les Revenants é suspense em poesia

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A vida, a morte, e as entrelinhas que as conectam, são temas muito inquietantes e atraentes. Por serem recorrentes, destacam-se aqueles que fazem um bom trabalho ao abordá-los, o que é o caso de  Les Revenants , série francesa adaptada para televisão por Fabrice Cobert, é baseada no filme homônimo de Robin Capillo, lançado em 2004. Em uma pequena cidade do interior da França, algumas pessoas, que morreram em períodos distintos, voltam à vida. A última lembrança de cada uma delas é de antes de sua morte, ou seja, eles não sabem como ou por que morreram, por isso voltam ao momento que se lembram. Ao reencontrarem as pessoas de suas vidas, suas histórias vão se revelando. Gostei muito da forma como o encontro entre o morto e os vivos que ele deixou para trás aconteceu. A variedade de reações não contradiz a verdade de que, por mais que se ame uma pessoa, vê-la voltar à vida, depois de anos encarando o luto, não é fácil de se encarar. Obviamente, trata-se de ficção, mas n

A caça e a injustiça

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O dinamarquês A caça (Jagten/2012) é um filme delicado, que incomoda porque, desde o começo, deixa claro como o ser humano pode ser injusto ao cometer o que ele acredita ser justiça. Não houve como não pensar na mulher linchada, recentemente, por ter sido confundida com uma sequestradora de crianças. Trata-se de um filme delicado, porque há sim uma delicadeza inerente ao personagem central, Lucas (Mads Mikkelsen), uma pessoa querida por todos da pequena cidade onde vive, e que, recentemente separado, tem de lutar para passar mais tempo com o filho. É delicado porque mergulha nessa mania desrespeitosa do ser humano de julgar o outro baseado no seu desejo de estar certo, de se perceber incapaz de errar quando se trata da vida de outra pessoa, e de colocá-la em risco ao criar, ou mesmo espalhar, boatos. A prepotência, causadora de tantos danos. Lucas trabalha em uma creche, frequentada pela filha de seu melhor amigo, Klara (Annika Wedderkopp), uma menina de cinco anos que, c

Believe merece que você seja paciente

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No começo, também pensei que Believe tivesse um toque de Touch (não resisti!), série que durou duas temporadas, que eu adorava, mas Kiefer Sutherland tinha de voltar para 24 Horas . Porém, a sensação de “lembra aquela outra” acaba no fato de serem séries em que crianças extraordinárias têm pais problemáticos e mães falecidas, e fazem parte de projetos secretos que estudam suas habilidades fora do comum. Parece muito, mas não é. Aliás, o mercado, os patrocinadores e o espectador precisam ter mais paciência. Believe é uma série que precisa de tempo para contar sua história. Alguns se desapontaram com a estreia, porém eu, particularmente, fiquei super ansiosa pelo episódio seguinte. Depois de cinco episódios, continuo me sentindo da mesma forma, e cada vez mais envolvida com a série. A diferença se faz na forma de contar a história, assim como no rumo que os personagens tomam. Para mim, Believe  tem uma combinação que me apetece: Alfonso Cuarón (ganhador do Oscar por "

Não tenha medo da música instrumental

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Conheço pessoas que se negam a escutar música instrumental, porque não aceitam a ideia de música sem letra. Também conheço quem ainda acredita que música instrumental é somente música interpretada por orquestra, e como elas não se interessam pelo segmento, nem ousam escutar o que está por aí. Nos dias de hoje, quando o acesso à informação é muito mais fácil, devido à internet, acredito que as pessoas optam por não saber do que se trata determinado assunto. No final dos anos 80, eu não conhecia música instrumental. Mas então isso mudou, e foi quando me dei conta de que a música era muito mais abrangente do que eu imaginava. Por sorte, ousei escutar música sem letra. Na segunda-feira, dia 7 de abril, a baterista Vera Figueiredo apresentou o seu novo show, Brasileira , no projeto Instrumental Sesc Brasil . Não posso deixar de mencionar que trabalho com ela há vinte e um anos, e não me lembro de ter resenhado um show exclusivamente dela, apesar de ter assistido a muitos deles e

PSI estreia em ótimo tom

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A mente humana continua a ser o assunto mais sedutor em qualquer cenário. De como transformamos banalidades em alvos de celebração, atestamos ser o amor autor de atos de violência, travamos batalhas que nem são nossas em nome da empatia. Criamos e destruímos. As séries de televisão tem sido uma boa vitrine para personagens que mergulham nas questões que permeiam aqueles que são atraídos pelos mistérios da mente, pelo questionamento constante. Alguns deles se tornam anti-heróis, uns amamos e outros odiamos com o maior amor do mundo. No último domingo, estreou mais uma série que tem a mente como fio-condutor (ou cutucadora) oficial da trama. Criada por e com roteiro do psicanalista Contardo Calligaris, PSI aborda o universo do psicólogo-psiquiatra-psicanalista Carlo Antonini, principalmente o fora do consultório. Carlo é interpretado por Emílio de Mello, que devo dizer, foi uma escolha pra lá de acertada. Durante os dois episódios de estreia, Emílio nos entregou um Carlo

Eu gosto do Kevin

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Originalmente publicado no site Crônica do Dia , em 13/03/2013. Quem não se lembra de Kevin Bacon em Footloose - Ritmo Louco (Footloose / 1984) é porque nasceu em tempo de assistir ao remake e não ficou a fim de assistir ao original. Aliás, eu assisti ao remake, porque gosto de conferir as variações sobre o tema, e posso dizer, com toda certeza, que nada como Kevin Bacon em Footloose . Nada como a canção tema do filme, cria de Kenny Loggins, interpretada por ele. Nada como aquele riff de guitarra que nos faz sair pulando. Nada como Footloose nos anos 80. Certas obras não precisam de remake , de releitura, de versão contemporânea, de retoque. Além de ator, Kevin também é músico. Há anos tem uma banda com seu irmão, Michael, a The Bacon Brothers , que é muito bacana. Michael Bacon também é compositor de trilhas para cinema e televisão. Tudo bem que Kevin me ganhou em Footloose . Eu tinha quatorze anos, dancei aquela música na sala de casa mil e tantas vezes

Ser mãe é um acontecimento

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© Cíntia Duarte Grávida aos dezoito, ela se perguntou como daria a notícia à mãe. Grávida trinta e um, como daria a notícia ao marido? Tendo como mote a gravidez em períodos distintos, duas Marias experimentam um momento catártico, quando lidam com a gravidez inesperada. E no qual a menina consegue lidar de forma muito positiva com a gravidez na adolescência, e a mulher transforma seus medos em ferramentas para se tornar a mãe que seus filhos merecem. Mãe de Dois é comédia, espetáculo inspirado no livro homônimo da jornalista Maria Dolores, que nasceu do blog que ela iniciou quando ficou grávida do segundo filho, onde registrava situações cotidianas. Maria estava presente na estreia de Mãe de Dois , o que foi muito comovente. Ela também divide a direção de produção com Felipe Duarte. Confesso que fiquei com vontade de perguntar a ela como é ver uma obra de sua autoria – obra de blog, de livro e de filhos! – inspirar a criação de espetáculo tão especial. No palco, Maria se

Quando dizer adeus é um engasgo

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A primeira vez que o assisti foi em Perfume de Mulher (Scent of a Woman/1992). A impressão que tive sobre ele foi que aquele era um ator que não era jovem ou velho. Havia nele um ar irônico, mesmo quando, no papel do estudante rico culpado, jogando a culpa em um estudante pobre inocente, quando passava pela vergonha de engolir o seu erro, ele parecia dizer mais do que o diálogo permitia. Perfume de Mulher Philip Seymour Hoffman, para mim, nunca foi jovem, nunca foi velho. Era um ator tão peculiar, com tantas camadas, que só conseguia pensá-lo capaz de ser quem ele quisesse. E eu sempre acreditaria nele. Não era jovem ou velho, não tinha idade quando se vestia de personagem. E sempre sorria um sorriso embebido em mistério. Magnólia Portanto, aceitar sua idade nesse formato, sabe? Formato R.I.P , é triste, provoca a questão: o que fazer com o espaço que ele deixou? O Talentoso Ripley Ele fez uma série de filmes memoráveis, entre eles Magnólia (1999), O Talentoso

As superadas se superam

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Espaço e respeito é conquista diária para todos, mas além dessa batalha cotidiana, a mulher ainda exibe – ora com graça e ora descendo dos saltos – a sua capacidade indelével de lidar com várias coisas ao mesmo tempo. Na hora de se virar para resolver todas as tarefas, e atender a todos que lhe exigem presença, ela quase sempre tira de letra. Fato é que a mulher também – ou principalmente - é multitarefa quando se trata das emoções. Sendo assim, além das batalhas cotidianas, ela equilibra todos os assuntos do coração, enquanto lida com os altibaixos da sua própria percepção sobre eles. É justamente sobre alguns desses altibaixos que o espetáculo Superadas se debruça, mas com graça, que em muitos momentos a melhor saída é rir. Catarina Abdala Dirigido por Eduardo Figueiredo, o mesmo de Mulheres Alteradas , Superadas  está em cartaz no Teatro Gazeta, em São Paulo. Baseado no segundo livro da cartunista argentina Maitena, Superadas  conta com a adaptação para o teatro d