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Mostrando postagens de 2015

Sem retorno | Quantas pessoas você quer ser para viver para sempre?

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Ele não passou pelas salas de cinema do Brasil, o que podemos lamentar. No começo de dezembro, foi incluído no catálogo do Netflix.  Entre tantos filmes dispensáveis que estreiam todo ano, Sem Retorno (Self/less - 2015) merecia as salas de cinema. Melhor... Aqueles que ainda vivem sem o Netflix poderiam conhecê-lo. O filme conta com uma boa trama, cenas de ação, o mocinho e o bandido que acredita que é mocinho. Ainda assim, nada disso seria suficiente sem a competência dos atores, da direção e um bom roteiro para contar uma história que muitos já contaram, mas de outra forma. Sem Retorno | Ben Kingsley (Damian) Ben Kingsley é dos meus atores preferidos. Ele participa apenas de uma parte do filme, ainda assim, sua presença é marcante. Ryan Reynolds já provou que é talentoso e competente, não importa o estilo de filme. O britânico Matthew Goode vem participando de algumas séries que das quais eu gosto muito, interpretando Stanley Mitchell em Dancing on the Edge , F

Filipe Catto | Voz, palco, música e poesia

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Feito uma droga lenta Uma ressaca imensa Tua boca me arrebenta, amor Me leva por um fio, me despe no vazio Da canção “Adorador”, de Filipe Catto e Pedro Luís, do disco Tomada Sábado passado, estive no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, para assistir, ao lado de grandes amigos, ao show de lançamento do disco Tomada , de Filipe Catto. Eu já havia escrito a respeito do impacto desse artista e desse disco na minha pessoa – o espírito agradece profundamente –, em uma crônica publicado no Crônica do Dia, e que você pode ler clicando aqui . Escrevo sobre o que me alimenta a alma. E esse show, meus caros...  Filipe Catto é recente na minha lista de afetos. Fisgou-me a atenção com a canção Adoração , de sua autoria, ano passado. A partir daquele momento, de ter escutado tal canção, tornei-me apreciadora de sua obra, da interpretação poderosa que ele oferece à música.  Porém, havia esse espaço não preenchido nessa benquerença toda. Vê-lo no palco, escutá-lo can

Chaplin é espetáculo arrebatador

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CHAPLIN, O VAGABUNDO | O que o espetáculo me mostrou Carlitos | Cena do filme Luzes da Cidade Falo sobre mim, mas já escutei outros escritores dizerem o mesmo. Às vezes, é difícil e leva tempo para me despedir dos personagens que crio. Às vezes, retardo o final da história, apenas para manter aquele personagem vivo, passível de outras tramas. E ao dizer adeus, mergulho em uma tristeza digna de quem perdeu um ente querido. Personagens não fazem parte somente do mundo das artes. Todos nós, eventualmente, vestimos personagens ao lidarmos com situações que pedem mais de nós do que usualmente oferecemos. No processo, muitos aprendem um pouco mais sobre a vida e suas mazelas. Outros se rendem aos seus personagens, levando uma vida na corda bamba existencial. No último sábado, fui ao teatro para assistir a um espetáculo musical sobre uma pessoa que não apenas criou, mas viveu seu personagem e com ele contribuiu amplamente com a história do cinema. Chaplin, O Musical conta a his

Um universo chamado Barfly

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Meu início com Charles Bukowski foi um tanto conturbado. Não me afeiçoei a ele - a sua obra - ao ler Cartas na Rua , livro que ganhei de um namorado que era apaixonado pelo escritor.  Passaram-se anos desde a primeira leitura até eu chegar a próxima. Quando aconteceu, quando li alguns poemas de Bukowski, dei-me conta de que seria afeto para a vida. Então, eu soube desse filme com roteiro de Charles Bukowski, baseado em sua vida. O roteiro foi encomendado ai escritor pelo diretor de Barfly , Barbet Schroeder. Assisti  Barfly  pela primeira vez há tantos anos que nem faço ideia de quando poderia ter sido. Posso garantir que também perdi as contas de quantas vezes eu o assisti, depois da primeira. Certamente, muitos acreditaram que se tratava de mais um da leva de  9 ½  Semanas de amor  (Nine ½ Weeks/1986 | Adrian Lyne), filme que tornou Mickey Rourke conhecido como o sedutor nos moldes do personagem que interpretava. Talvez nem todos estivessem preparados para a crueza de

Bem-vindos à selva da música clássica

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Eu não sou conhecedora do universo da música clássica. Nunca conversei com um maestro como já conversei com muitos artistas, querendo saber como, quando... Por quê? A questão é que eu adoro música. Em todas as áreas da minha vida ela está presente. Sendo assim, acabo lendo livros a respeito, assistindo a filmes nos quais ela também é personagem, e até séries de tevê, como o caso de Nashville , que relutei em conferir, mas ainda bem que o fiz, porque é uma ótima série sobre o cenário da música country. Em dezembro de 2014, estreou mais uma série com músicos como tema. Ou seria a música? Na verdade, isso não importa, porque em terreno da arte os artistas se misturam às suas obras. Baseada no livro homônimo da oboísta Blair Tindall, Mozart in the Jungle aborda os bastidores das orquestras e principalmente da vida dos seus maestros. O humor faz parte do tom da trama, mas isso não incute a ela qualquer leveza. O humor, quase sempre é ácido, é ferramenta poderosa para mant

Luz acesa ou apagada?

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As séries mais realistas – principalmente sobre serial killers e psicopatas em geral - são as que mais me assustam. Apesar de serem ficção, essas séries apontam para os monstros que existem por aí, disfarçados de cidadãos exemplares, figuras de bondade incontestável. Em alguns casos, a ficção alardeia a possível realidade. Pessoalmente, eu morro de medo de livros, filmes e séries sobrenaturais. Mas nem pensem que o gênero me desagrada. Porém, não aprecio o sobrenatural abordado no escancaro do humor rasgado ou do provocar o medo por meio de cenas clichês, mas que sempre dão certo. Para me botar medo, é preciso que a história seja muito bem contada, com interpretação das boas, e havendo clichês (quase impossível evitá-los!), que eles sejam apresentados de uma forma bem convincente. Hoje eu falo sobre a minha percepção a respeito de duas séries com elementos sobrenaturais, diretamente ligadas à literatura, que me apetecem e me botam medo também. PENNY DREADFUL Criad

O mundo sem ela

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O maestro — tomado pelo frenesi que lhe é peculiar — leva a orquestra para as ruas, para um ensaio. Alguns músicos e os dirigentes da orquestra ficam furiosos. Onde já se viu sair de uma sala de acústica perfeita para ensaiar em um estacionamento, ou espaço afim, no meio da cidade e seus barulhos, as buzinas, o falatório, os passos das pessoas rumo ao trabalho? Expostos à curiosidade dos comuns? Mozart in The Jungle O produtor sofre com a demanda musical de sua gravadora. A música que antes lhe fascinava, e os artistas com os quais tinha prazer em trabalhar, resumem-se agora a pessoas que caibam em um modelo de sucesso. Ele sabe que retorno comercial é necessário, afinal, todos têm de ganhar a vida. Mas por que não um retorno comercial com boa música? Ele encontra essa compositora e decide que irá produzir o disco dela. Sem a parceria com a gravadora — da qual foi convidado a se retirar pelo seu sócio —, ele vai para as ruas. Grava todas as faixas do disco nas ruas, aproveitand

Recomeço e música | Mesmo se nada der certo

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John Carney foi um dos integrantes da banda The Frames, liderada por Glen Hansard, músico que atuou em The Commitments (Alan Parker/1998), filme que fala sobre um jovem que deseja se tornar um empresário e levar a soul music para Dublin. Porém, foi com Apenas Uma Vez (Once/2006) que Hansard ganhou destaque internacional. Semana passada, eu publiquei um artigo no Babel Cultural | clique aqui para ler | sobre dez filmes nos quais a música tem destaque ou chega a ser um dos personagens da trama. Entre eles, Apenas Uma vez . Alguns dias depois, assisti a outro filme do roteirista e diretor, que incluiria nessa lista tranquilamente. Mas como esse trem já passou, decidi falar sobre ele aqui no Talhe . Ano passado, Carney escreveu e dirigiu Mesmo Se Nada Der Certo (Begin Again), filme que assisti no fim de semana, depois de ter escutado a trilha sonora várias vezes. A trilha sonora foi indicação de uma amiga, que assistiu ao filme e gostou da música. Eu não sabia do lança

Eu estava lá | Os Monólogos da Vagina
15 anos

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Em sete de abril de 2000, estreava no Teatro Clara Nunes, no Rio de Janeiro, o espetáculo Os Monólogos da Vagina . Estreava depois de anos de tentativa em produzi-lo. Os obstáculos foram muitos, porque empresas não queriam envolver suas marcas em um espetáculo que tivesse a palavra vagina em seu título. Mas a vagina ganhou essa batalha. No dia sete de abril de 2015, Os Monólogos da Vagina completou 15 anos de apresentações no Brasil. Teve festa – e das animadas – no Teatro Gazeta, em São Paulo, com direito à Vânia Bastos interpretando a clássica Cor de Rosa Choque , de Rita Lee e Roberto de Carvalho, antes de começar o espetáculo. E onde Fafy Siqueira, Adriana Lessa e Maximiliana Reis celebraram o feito no palco. Linda e divertidamente. É possível reconhecer o tom de Miguel Falabella na adaptação da obra de Eve Ensler. Ele não foi somente competente ao transpor o texto para o nosso idioma. Há genialidade no feito, daquelas que fazem a cadência ideal para inspirar gargalha