Luz acesa ou apagada?




As séries mais realistas – principalmente sobre serial killers e psicopatas em geral - são as que mais me assustam. Apesar de serem ficção, essas séries apontam para os monstros que existem por aí, disfarçados de cidadãos exemplares, figuras de bondade incontestável. Em alguns casos, a ficção alardeia a possível realidade.

Pessoalmente, eu morro de medo de livros, filmes e séries sobrenaturais. Mas nem pensem que o gênero me desagrada. Porém, não aprecio o sobrenatural abordado no escancaro do humor rasgado ou do provocar o medo por meio de cenas clichês, mas que sempre dão certo. Para me botar medo, é preciso que a história seja muito bem contada, com interpretação das boas, e havendo clichês (quase impossível evitá-los!), que eles sejam apresentados de uma forma bem convincente.

Hoje eu falo sobre a minha percepção a respeito de duas séries com elementos sobrenaturais, diretamente ligadas à literatura, que me apetecem e me botam medo também.

PENNY DREADFUL


Criada por John Logan - roteirista de filmes como Gladiador (Gladiator/2000), O Aviador (The Aviator/2004) e A Invenção de Hugo Cabret (Hugo/2012), Penny Dreadful é das minhas séries pra lá de preferidas.

Tendo como cenário a Londres da era Vitoriana, a série conta com uma trama inédita para a história de personagens conhecidos da literatura, entre eles Dr. Victor Frankenstein (Harry Treadaway), extraído da obra de Mary Shelley, e Dorian Gray (Reeve Carney), de Oscar Wilde.

Sir Malcom Murray (Timothy Dalton) é um explorador que passou muito tempo na África. De volta à Londres, ele tenta localizar a sua filha, Mina (Olivia Llewellyn), sequestrada por seres sobrenaturais, que remetem à obra de Bram Stoker, Drácula. Ele conta com a ajuda de Vanessa Ives (Eva Green), quem acolhe, após o desaparecimento de Mina. Elas eram amigas inseparáveis, que cresceram juntas, até o dia em que Vanessa, motivada pela inveja, seduz o noivo de Mina, que testemunha a traição. A culpa que Vanessa sente é tanta, que ela acaba sendo internada em um hospício.

A conexão de Vanessa com o sobrenatural serve como fio-condutor da trama. Eva Green desempenha tão bem o seu papel, que as cenas em que Vanessa está sofrendo algum tipo de intervenção sobrenatural, e independe dos efeitos especiais, são de tirar o fôlego.

Também participam da busca por Mina o criado africano de Sir Malcom, Sembene (Danny Sapani), e o americano Ethan Chandler (Josh Hartnett), que viaja pela Europa e se apresenta como o gatilho mais rápido do Oeste.

Logan não se intimida em mergulhar na obscuridade do diabólico tentando arrebanhar a todos, o que resulta em um roteiro que explora cada personagem de forma sedutora e amedrontadora.

Por mais temor que a série provoque, não há como tirar os olhos da cena. O primeiro episódio da segunda temporada de Penny Dreadful estreou na semana passada. Para mim, um dos mais interessantes da série, que mostra que, na nova temporada, Vanessa vai ultrapassar de vez os muros que separam este mundo daquele outro, o dito sobrenatural.

Status: luzes acesas quase sempre, meus caros.



HAVEN



Lembro-me bem de quando uma amiga me emprestou o livro Saco de Ossos, de Stephen King. Acostumada a ler antes de dormir, eu era obrigada a me levantar às seis da manhã, durante um bom período, para ler o livro antes de ir para o trabalho, já que, ao lê-lo à noite, nem a luz acesa me permitia dormir.

Em 2011, Saco de Ossos foi lançado nos estados Unidos como minissérie.

Algumas obras de King também foram adaptadas para o cinema e fizeram muito sucesso. Entre eles: Carrie, A Estranha (Carrie/1977), O Iluminado (The Shinning/1980), À Espera de um Milagre (The Green Mile/2000) e O Apanhador de Sonhos (Dreamcatcher/2002).

Recentemente, comecei a assistir a série Haven, mais projeto baseado na obra de Stephen King.

Baseada no livro The Colorado Kid, e adaptada por Jim Dunn e Sam Ernsta, a série aborda a história de Audrey Parker (Emily Rose), uma agente do FBI que tem a habilidade de desvendar crimes ao observar os casos de uma perspectiva diferente. Ela é enviada para Haven, para prender um fugitivo. Lá, Parker descobre que a cidade está repleta de pessoas sofrem com aflições sobrenaturais, conhecidas como os problemas. Ela também descobre que é imune a essa maldição e que a sua identidade foi forjada, assim como sua memória reescrita. Ao ver uma foto de uma mulher idêntica a ela, em uma antiga matéria de jornal local sobre o assassinato do garoto de colorado, Parker decide ficar na cidade e investigar aquela mulher, que julga ser a sua mãe. Acontece que aquela mulher é mesmo Parker, com a mesma idade de hoje, há vinte sete anos, chamada Lucy.

Trabalhando com a polícia local, Parker conhece dois homens que a acompanham na jornada em busca da sua identidade, assim como a ajudar aqueles que sofrem com os problemas. Nathan Wuornos (Lucas Bryant) é filho do chefe de polícia, onde também trabalha. O problema de Wuornos é não sentir nada, fisicamente. Duke Crocker (Eric Balfour) é um sedutor trapaceiro, e também o menino que aparece na foto do jornal, segurando a mão de Lucy.

Em Haven, os casos policiais têm a ver com os problemas, com crimes cometidos, às vezes, sem mesmo a pessoa saber que o seu foi ativado. Enquanto desvenda crimes e ajuda aos problemáticos, Parker também vai desenrolando a sua própria história. Ela, Wuornos e Crocke se tornam especialistas em ajudar as pessoas acometidas pelos problemas.

Não tão densa quanto Penny Dreadful, permitindo até um toque de humor à base de ironia, Haven aborda os problemas de forma muito interessante. Entre eles, estão o da mulher capaz de mudar as condições climáticas, de acordo com o seu humor; a moça que desenha uma paisagem, depois o desenho não pode ser rasgado, senão o que está nele é destruído, assim como homem que é um imã para balas de tiros disparados perto dele. Bom mesmo é o roteiro, que ainda que o problema em questão seja completamente absurdo, é tão bem escrito que o espectador embarca na trama.

Haven conta com quatro temporadas exibidas, cada uma com treze episódios. A quinta temporada foi anunciada com vinte e seis episódios, sendo que treze deles já foram exibidos. Os outros treze devem ser veiculados ainda em 2015. Obviamente, poderiam ter anunciado a quinta e a sexta temporada, mas uma questão financeira fez com que o canal SyFy fizesse esse pacote.

Status: luzes acesas de vez em quando, meus caros.

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