7 filmes | direto dos anos 1990

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ASSUMINDO A INDICADORA

Tornei-me indicadora de livros, discos, filmes e séries, mas sem intenção, atendendo aos pedidos de amigos que sabiam do meu gosto pelo assunto. 

Com o passar do tempo, comecei a escrever sobre os temas e incluí shows musicais e espetáculos de teatro na lista. Assim nasceu o Talhe, um exercício para a minha escrita e uma lista aberta de indicações.

Há muitas pessoas escrevendo críticas bem embasadas sobre a diversidade de assuntos que o cenário cultural oferece. Não escrevo críticas, mas um relato sobre o que me agrada. Por sorte, às vezes acontece de outras pessoas aceitarem a indicação, conferirem o livro, disco, filme, série, show ou peça de teatro e até gostarem de conhecer algo novo, que, por conta própria, não escolheriam conhecer. Também acontece de não gostarem e tudo bem. A troca é o que vale, até porque eu adoro oferecer indicações, mas também as aceito de bom grado.

SOBRE FILMES

Desta vez, falarei sobre 7 filmes lançados nos anos 1990, que fizeram a minha cabeça. Quem sabe algum deles faça a sua também. 😊


Cyrano de BergeracCyrano (Cyrano De Bergerac/1990)


Dirigido por Jean-Paul Rappeneau, com Gérard Depardieu (Cyrano), Anne Brochet (Roxanne) e Vincente Perez (Christian de Neuvillette), esta é considerada a adaptação mais fiel da peça escrita por Edmond Rostand.

A história do espadachim e poeta apaixonado por sua prima, Roxanne, e que não se declara por ter vergonha do seu nariz descomunal, é mundialmente conhecida. Na verdade, Rostand se inspirou na história do escritor francês Hector Savinien de Cyrano de Bergerac para criar a peça de teatro. Até mesmo Steve Martin viveu sua versão de Cyrano em Roxanne.

No Cyrano de Rappeneau, a poesia é belamente desfiada pela excelente interpretação de Depardieu.


Delicatessen
Delicatessen (Delicatessen/1991)

Comédia francesa, com toques de drama, terror e fantasia. O humor ácido pontua a trama sobre um período de profunda escassez de alimentos, em um mundo pós-apocalíptico, quando a comida se torna moeda de troca. A privação de alimento está diretamente ligada ao comportamento dos moradores de um prédio, onde fica o açougue Delicatessen. 

Louison (Dominique Pinon) é um ex-palhaço que começa a trabalhar no prédio onde fica o açougue. Ele se apaixona por uma violoncelista, Julie (Marie-Laure Dougnac), filha do açougueiro, Clapet (Jean-Claude Dreyfus), que, ao lado de outros moradores do prédio, tem planos para a carne do corpo dele. 

Um filme com muitas camadas. Vê-se de tudo, espia-se a humanidade e suas mazelas em momentos em que a falta é do indispensável, o que leva aos envolvidos a um comportamento inimaginável.  

Delicatessen foi escrito e dirigido por Jean-Pierre Jeunet e Marc Caro. Primeiro longa-metragem de Jeunet, que ficou mundialmente conhecido com o filme O fabuloso destino de Amélie Poulain.


A dupla vida de Véronique
A dupla vida de Véronique (Podwojne zycie Weroniki/1991)

Primeiro filme de Krzysztof Kieslowski que assisti. Kieslowski é um dos meus preferidos, responsável pela trilogia das cores: A liberdade é azul, A igualdade é branca e A fraternidade é vermelha, todos lançados nos anos de 1990. 

A atriz francesa Irène Jacob interpreta dois personagens. Weronika é polonesa e tem um talento indiscutível para a música erudita. Com uma voz única, é aceita por uma respeitada escola de música. Durante a sua primeira apresentação, Weronika morre de ataque cardíaco. A partir daí, a francesa Véronique, que vive em Paris, passa a sentir uma solidão mais profunda. Ela abandona a música e começa um relacionamento com um manipulador de marionetes. 

Um tanto inquietador, o filme fala sobre a sensação de se ter alguém destinado a você, com a possibilidade de esse alguém ser você mesmo. Kieslowski aborda a conexão entre essas duas estranhas com um tom poético, melancólico, o que faz com que o espectador se prenda aos detalhes. 


Frankie & Johnny
Frankie & Johnny (1991)

Assisti a este filme pelo motivo óbvio: ele conta com um ator de quem assisto a todos os filmes, Al Pacino. No entanto, foi a música tema do filme que me conquistou, assim, de cara. Frankie & Johnny, a canção, foi composta e interpretada por Terence Trent D’Arby, hoje conhecido como Sananda Maitreya. 

Johnny (Al Pacino) é um ex-presidiário que começa a trabalhar em uma lanchonete. Frankie (Michelle Pfeiffer) é garçonete nessa lanchonete. A atração entre eles não é o tema central do filme, mas as reflexões que o encontro entre eles provoca. O filme trata, de uma forma muito delicada e próxima, do peso da solidão. No restaurante, há personagens que vamos descobrindo, aos poucos, assim como a forma como cada um deles lida com a própria solidão.

Al Pacino e Michelle Pfeiffer se reencontram neste filme, pela primeira vez, desde Scarface. Terrence McNally adaptou para o roteiro de uma peça off-Broadway de sua própria autoria, Frankie and Johnny in the Clair de Lune. O roteiro é repleto de sutilezas e o diretor Garry Marshall conseguiu captar o melhor olhar possível para a história de duas pessoas e a dificuldade em se desvencilharem da solidão.


Para o resto de nossas vidas
Para o resto de nossas vidas (Peter's friends/1992)

Kenneth Branagh não saiu mais da minha coleção de interesses, desde que assisti voltar a morrer e descobri o talentoso ator e diretor que ele é. 

Neste filme, escrito por Rita Rudner e Martin Bergman, Branagh atua como ator e diretor que se reúne aos seus companheiros de jornada e amigos, entre eles Emma Thompson e a dupla Stephen Fry e Hugh Laurie, o saudoso House. Trata-se de um filme sobre amigos da época da faculdade, criado, dirigido e interpretado por amigos na vida real. Talvez por isso não tenha aquele tom sonso dos filmes sobre reencontro de amigos que estudaram juntos. 

O cenário também é outro, não é um baile de escola. Eles são convidados por Peter Norton (Stephen Fry), que além do título de lorde, herdou uma mansão de seu pai. 

Como todo reencontro, há dramas e trocas de farpas, histórias a serem esclarecidas, temores, sentimentos que se tornam insignificantes mediante à revelação de um segredo de Peter.


Jogos de ilusão
Jogos de ilusão (An Awfully Big Adventure/1995)

A trama aborda a convivência entre atores de teatro e um diretor sem noção e egocêntrico. Ele conta a história de uma menina que conversa com a mãe morta pelo telefone. É sobre ela se apaixonar pelo diretor, sobre o diretor que odeia o ator principal e joga a menina nos braços dele. Também é sobre o relacionamento complicado entre a menina e o ator.

Este não é um filme fácil de digerir. Primeiro por ser focado no elenco de um espetáculo de teatro, e tendo a arte como cenário, não há como faltar dramas. Às vezes, tem-se a sensação de que haverá mais romance do que tragédias, e então, a tragicomédia se apresenta. 

Alan Rickman (que falta ele faz!), no papel de PL O'Hare, consegue fazer do desalento e da melancolia um palco no qual se encontram seus próprios demônios. 

Dirigido por Mike Newell, o mesmo diretor de O amor nos tempos do cólera, Donnie Brasco e Grandes esperanças, Jogos de Ilusão é baseado no livro An Awfully Big Adventure, de Beryl Beinbridge, e conta com roteiro de Charles Wood.


A prova
A prova (Proof/1995)

Drama pontuado pelo humor sarcástico, que marca a história de Martin (Hugo Wearving), um homem cego que acredita que as pessoas sempre mentem para ele. Quando menino, ele acreditava que a mãe desfiava mentiras ao lhe descrever paisagens e objetos. Adulto, tornou-se fotógrafo e continuou a se sentir vítima das mentiras contadas pelas pessoas a sua volta.

Hugo mantém um relacionamento complicado com Célia (Genevieve Picot), quem cuida de sua casa. Torna-se amigo de Andy (Russel Crowe) que se apaixona por Célia, mas a mulher tem ciúme da amizade entre eles e tenta fazer com que Hugo se desaponte com o amigo.

Escrito e dirigido por Jocelyn Moorhouse, A prova é um passeio pela desconfiança e a necessidade de saber o que de fato acontece, como as coisas são realmente.

Aos que gostam de indicações, mantenho uma lista de filmes, séries e documentários, que atualizo regularmente, com títulos do Netflix e Amazon Prime. Lembrando que pode ser que um ou outro título não esteja mais no catálogo das plataformas de streaming, já que elas fazem alterações regulares no seu cardápio, e que, sim, meu gosto é bem eclético.

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