A PRIMEIRA VEZ DE UM AO VIVO COM ROGÉRIO

Conheci Rogério há pouco tempo, mas essa sou eu chegando atrasada, nada a ver com ele. Ainda em processo de reconhecer suas camadas, fui até lá, mas não somente eu. Muitos apareceram para o ao vivo. 

Quando entrei na fila para encontrar Rogério, juntei-me aos que estavam ali para escutá-lo, e me dei conta do quanto as pessoas gostavam dele. Eu já sabia o que me agradava nele, mas e os outros? O que os agradava em Rogério?

Falo sobre Rogério, lançado pela Supercombo, em 2016. No dia 21 de janeiro, a banda se apresentou na Casa Rockambole, em São Paulo, com duas sessões de Tocando Rogério esgotadas. No repertório, as músicas do álbum, tocadas na ordem, e algumas extras, porque o público queria mais, e a banda, estava claro, queria o mesmo: Maremotos, Amianto, Piloto automático e Aos poucos.

© divulgação

Foi a primeira apresentação exclusivamente da Supercombo que assisti. O desejo já existia há algum tempo, porque eu vinha escutando os seus discos e gostando cada vez mais da música. Mas havia também a vontade de conferir no palco alguém por quem tenho grande admiração, o André Dea; nos conhecemos no IBVF Brasil, escola na qual trabalhei durante muitos anos, onde ele dá aulas de bateria.

Apesar do entusiasmo de encontrar o pandego Rogério ao vivo, de a apresentação de abertura com a Jovelina ter sido muito bacana, além da participação de Gabriel Zander, das duas sessões esgotadas, houve algo que me pegou de jeito nesse show, e não estava no palco, apesar de ter sido provocado por todos que passaram por ele.

Adoro quando domingos chuvosos rendem felicidade.

Enquanto estava na fila, esperando para entrar na Casa Rockambole – espaço que adorei conhecer – a alegria das pessoas já se destacava feito vedete. Eram tantos sorrisos e conversas interessantes sobre músicas preferidas e como seria o show (desculpe, mas não dava para evitar escutar, na verdade, nem me esforcei pra isso), que a minha curiosidade só aumentava, assim como a ansiedade.

Depois de uma apresentação muito legal da Jovelina, que o público adorou, incluindo a mim, houve uma pausa, e então a Supercombo entrou em cena.

Tão espetacular quanto a apresentação da banda foi a reação do público à presença e à música da Supercombo. A alegria compartilhada na fila da entrada se multiplicou naquele momento. Os sorrisos se escancararam sem pudor. As vozes entoaram as letras como se elas fizessem parte do corpo e fossem expelidas dele para confirmar a presença de seus apreciadores. Em alguns momentos, até mesmo os integrantes da banda se surpreendiam com a alegria e a conexão do público com sua música. 

A Supercombo fez um show incrível, e o público presente, também. 

© Gabriel Hand

Há algumas bandas que admiro, talvez mais por conta da escritora que habita em mim. Acho as letras muito boas, mas, musicalmente, o trabalho delas não me prende, por me fazerem sentir como se escutasse a mesma música a cada faixa. Não me refiro ao gosto, porque sei identificar e respeito as que são ótimas, apesar de não fazerem parte da minha apreciação de ouvinte recorrente. Falo sobre execução, interpretação e arranjo. 

Por isso a Supercombo passou a fazer parte da galeria das que aprecio. Eu realmente gosto do som dela. As letras me agradam, há uma ironia refinada, um jeito interessante de conversar com o outro eu de cada um de nós. 

Há camadas, um trabalho bacana de dinâmica, uma diversidade de estilos que se harmonizam na interpretação e os arranjos são ótimos. O ouvinte experimenta a leveza e o peso e isso funciona lindamente, porque os músicos sabem construir a história do som da banda.

Para mim, a Supercombo é uma das bandas mais danadas de boas do circuito musical brasileiro. Mas isso ninguém precisa que eu diga. Este relato é sobre uma apreciação, do quanto aquele domingo chuvoso me rendeu de felicidade. Rogério que o diga.


SUPERCOMBO

Leo Ramos – voz e guitarra

Carol Navarro – baixo e voz

Paulo Vaz – teclados

André Dea – bateria


supercomborock.com

@supercombooficial




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