Charles Gavin lá no IBVF Brasil


Aprendizado serve para qualquer área da vida, pessoal ou profissional. Adquirir conhecimento para realizar algo, é compreender esse algo para além das linhas delimitadoras do “ouvi dizer que é assim”, o que serve apenas de estopim para a curiosidade ou o desejo. A sustentação do aprendizado vem de um aprofundamento do qual não há como escapar, ao menos não quando realmente nos comprometemos (ou nos misturamos) às buscas que nos conectam com nós mesmos e com os outros. Além disso, ele pode chegar de várias formas. Já aprendi muito em conversas travadas em filas de supermercado e pontos de ônibus. 

Participei de uma variedade de workshops e masterclasses nessa vida, a maioria liderada por músicos. Tive a sorte de conhecer muitos dos meus ídolos, e também anônimos que davam espetáculo ao explicarem como a música impactava a vida deles.

Minha conexão direta com a música vem acontecendo desde 1989, quando conheci a baterista Vera Figueiredo. Foi o desejo dela, de ampliar os horizontes do ensino e da apreciação da música, que criou aquele espaço onde encontros de grande valor vêm acontecendo, o IBVF Brasil.

Essa introdução é apenas para endossar que aprendizado é algo democrático. Você pode aprender em qualquer situação, se estiver aberto a isso. Às vezes, você aprende o que busca em um contexto diferente. Combina a sala de aula com a da vida, para complementar seu conhecimento no encontro com quem tem o que contar.

No dia 26 de fevereiro, Charles Gavin se apresentou no projeto sérieMasterclass, que, há alguns anos, vem realizando encontros entre músicos profissionais, brasileiros e estrangeiros, e estudantes de música, além de ser um dos mais importantes centros de ensino da arte da bateria no Brasil. O projeto é uma realização do IBVF Brasil, e o evento acontece na escola, no Auditório Rubens Barsotti.

A participação de Charles Gavin no sérieMasterclass ofereceu aos presentes uma perspectiva diferente sobre criar condições para estudo e especificamente para aprender a tocar bateria. Com a apresentação de vídeos de sua carreira como baterista da banda Titãs, a fim de endossar os temas abordados, ele fez um paralelo entre o querer e o poder, tanto no início de tudo, quando descobriu a importância da música em sua vida, até a participação em grandes eventos, apresentando-se para milhares de pessoas. Foi interessante saber sobre o início de carreira dele, escutar relatos sobre bastidores dos shows, conhecer detalhes da criação e gravação de álbuns e canções. 

O que tornou essa masterclass pra lá de especial foi a paixão de Charles pela música, que se destacou de forma clara e natural, porque estava lá, nas histórias que compartilhou durante o evento. O baterista, com vasta experiência em apresentações — muito dela adquirida por anos de trabalho como integrante de uma das mais prestigiadas bandas de rock brasileiras —, tornou-se um conhecedor admirável da geografia da música, observando e apreciando músicos em uma ampla diversidade de estilos, de palcos e de alcance de público. Afinal, é sobre a música, certo? E sobre as pessoas fantásticas que ela nos apresenta.  

O pesquisador musical, apresentador do O Som do Vinil — um programa que vai além, na categoria entrevista de artistas, analisando e comentando álbuns que mudaram o cenário da música popular brasileira —, mostrou-se extremamente benéfico ao músico, que, sempre aberto a aprender, ensinou aos participantes da masterclass a observar suas buscas de uma perspectiva mais ampla. Estudar, sempre. Aprender com as experiências, as próprias e daqueles que encontram pelo caminho, idem. 

A participação de Charles Gavin no sérieMasterclass ficará guardada na biblioteca da minha memória. E que venham mais eventos bacanas, com músicos fantásticos!


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