Nunca desista de seus sonhos | Sonhos e comemoração


Sonhar, dependendo do desejo do sonhador, é de tirar pessoa da zona de conforto. O sonho pode até nascer miúdo, e assim se manter quando observado pelo olhar espectador. Porém, também é de remexer inquietações, desarrumar certezas, e, no desmedido interior, apontar caminhos, nem sempre rumo à realização; às vezes, na cadência do inesperado, no movimento das mudanças nunca consideradas.

Fui ao teatro assistir a uma adaptação de um livro do psiquiatra Augusto Cury. Nunca desista de seus sonhos apresenta o sonho como ponto de partida para o reconhecimento das buscas de fato, não de um apanhado de projetos copilados de uma realidade emprestada ou idealizada. No espetáculo, cada personagem veste a sua luta interna em busca de um equilíbrio que sugere o sonho como ferramenta de compreensão do que é a felicidade. 

O humor é usado para analisar os problemas compartilhados com Carol (Maximiliana Reis), uma psicóloga que alcançou o sucesso usando a metodologia do Dr. Augusto Cury (Nizo Neto), que enfrenta problemas financeiros e um relacionamento complicado com a filha adolescente (Fernanda Lorenzoni) e viciada em redes sociais. Aos sessenta anos de idade, Carol se vê diante de um flerte de um dos pacientes (Murilo Cunha), de trinta e dois anos de idade.

O consultório de Carol foi para a sala de estar de sua casa, onde a psiquiatra recebe pacientes que enfrentam diversos problemas que levam o público à autoanálise e ao riso. É na leveza da comédia que questões profundas são desfiadas: o empreendedor que, em todos os projetos profissionais, acaba falido; o estudante de medicina questionador da metodologia aplicada pela faculdade, e o menino que não gosta de estudar, mas é curioso sobre o futuro.

Nunca desista de seus sonhos leva ao palco um questionamento importante: quando nos perdemos dos nossos sonhos, os delineadores da nossa personalidade, fomentadores dos nossos projetos, alimentadores dos nossos afetos? E como olhar para nós mesmos – quando no meio do furacão das demandas de uma realidade que engole nosso tempo – com carinho, tentando alcançar a compreensão sobre o que é viver, não apenas sobreviver.

Para acompanhar a agenda de apresentações do espetáculo:

Site oficial
nuncadesistadeseussonhos.com.br

Instagram
@nuncadesistadeseussonhosteatro


A COMEMORAÇÃO

Minha conexão com o teatro se deu com o espetáculo Querido Mundo, que assisti em 2006, no Teatro Gazeta, em São Paulo. Foi nesse dia que conheci Jarbas Homem de Mello e Maximiliana Reis, e, desde então, sempre que eles sobem ao palco, faço questão de estar na plateia.

No dia 10 de março, quando fui ao Teatro Santo Agostinho – espaço que adorei conhecer – para assistir Nunca desista de seus sonhos, Maximiliana comemorava 40 anos de palco. Senti-me feliz em estar lá para aplaudi-la nesse dia, porque assisti-la vestir personagens me lembra da importância da arte na vida de todos nós, de como um personagem pode se tornar a voz de muitos. 

Dizer que ela é talentosa, reforçar que, além de atriz, é ótima diretora de teatro, e tantos outros adjetivos que cabem no currículo existencial dessa pessoa fantástica, é arranhar superfície. Maximiliana Reis é das pessoas que fazem acontecer, e não apenas para ela. Assim, fica meu recado: se a Maxi passar por onde você mora, não perca a oportunidade de vê-la iluminar um palco. Assista ao espetáculo.

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Outros artigos com Maximiliana Reis:

2009 | Querido mundo
https://talhe.blogspot.com/2009/03/querido-mundo.html

2012 | O fantástico universo de Tati
https://talhe.blogspot.com/2012/04/o-fantastico-universo-de-tati.html

2013 | Conexão Marilyn Monroe
https://talhe.blogspot.com/2013/07/conexao-marilyn-monroe-para-assistir.html

2016 | Os monólogos da vagina
https://talhe.blogspot.com/2016/06/elas-e-as-importancias.html


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