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KARMENTO | Potência e sutileza

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© Divulgação Cheguei ao local sem ter ideia do show que assistiria, o que não é raro no meu relacionamento com a música; o risco é sempre uma oportunidade de encontrar algo diferente e apreciável. O convite veio da Tatiana Barros, uma amiga que fazia parte da produção do evento. Ela garantiu que a cantora era fantástica, e eu acreditei nisso. No entanto, o gostar é sempre um mistério. Podemos achar o trabalho de um artista impecável na execução e nem por isso gostarmos da obra em si. Além disso, minha semana havia sido bagunçada, e não havia conseguido sequer conferir o trabalho da artista na Internet. O show era da turnê La Serrana , do álbum mais recente da cantora, compositora e instrumentista, e aconteceu no auditório do Sesc Vila Mariana. Minha expectativa era de um bom show, a julgar pelo entusiasmo da minha amiga, com quem divido afinidades musicais, e o interesse em conhecer a música de uma artista espanhola, assim, logo ali no palco.  Os músicos da banda entraram primeiro: Emi

Nunca desista de seus sonhos | Sonhos e comemoração

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Sonhar, dependendo do desejo do sonhador, é de tirar pessoa da zona de conforto. O sonho pode até nascer miúdo, e assim se manter quando observado pelo olhar espectador. Porém, também é de remexer inquietações, desarrumar certezas, e, no desmedido interior, apontar caminhos, nem sempre rumo à realização; às vezes, na cadência do inesperado, no movimento das mudanças nunca consideradas. Fui ao teatro assistir a uma adaptação de um livro do psiquiatra Augusto Cury. Nunca desista de seus sonhos  apresenta o sonho como ponto de partida para o reconhecimento das buscas de fato, não de um apanhado de projetos copilados de uma realidade emprestada ou idealizada. No espetáculo, cada personagem veste a sua luta interna em busca de um equilíbrio que sugere o sonho como ferramenta de compreensão do que é a felicidade.  O humor é usado para analisar os problemas compartilhados com Carol (Maximiliana Reis), uma psicóloga que alcançou o sucesso usando a metodologia do Dr. Augusto Cury (Nizo Neto), q

Charles Gavin lá no IBVF Brasil

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Aprendizado serve para qualquer área da vida, pessoal ou profissional. Adquirir conhecimento para realizar algo, é compreender esse algo para além das linhas delimitadoras do “ouvi dizer que é assim”, o que serve apenas de estopim para a curiosidade ou o desejo. A sustentação do aprendizado vem de um aprofundamento do qual não há como escapar, ao menos não quando realmente nos comprometemos (ou nos misturamos) às buscas que nos conectam com nós mesmos e com os outros. Além disso, ele pode chegar de várias formas. Já aprendi muito em conversas travadas em filas de supermercado e pontos de ônibus.  Participei de uma variedade de workshops e masterclasses nessa vida, a maioria liderada por músicos. Tive a sorte de conhecer muitos dos meus ídolos, e também anônimos que davam espetáculo ao explicarem como a música impactava a vida deles. Minha conexão direta com a música vem acontecendo desde 1989, quando conheci a baterista Vera Figueiredo. Foi o desejo dela, de ampliar os horizontes do en

A PRIMEIRA VEZ DE UM AO VIVO COM ROGÉRIO

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Conheci Rogério há pouco tempo, mas essa sou eu chegando atrasada, nada a ver com ele. Ainda em processo de reconhecer suas camadas, fui até lá, mas não somente eu. Muitos apareceram para o ao vivo.  Quando entrei na fila para encontrar Rogério, juntei-me aos que estavam ali para escutá-lo, e me dei conta do quanto as pessoas gostavam dele. Eu já sabia o que me agradava nele, mas e os outros? O que os agradava em Rogério? Falo sobre Rogério,  lançado pela Supercombo , em 2016. No dia 21 de janeiro, a banda se apresentou na Casa Rockambole, em São Paulo, com duas sessões de Tocando Rogério esgotadas. No repertório, as músicas do álbum, tocadas na ordem, e algumas extras, porque o público queria mais, e a banda, estava claro, queria o mesmo: Maremotos , Amianto , Piloto automático e Aos poucos . © divulgação Foi a primeira apresentação exclusivamente da Supercombo que assisti. O desejo já existia há algum tempo, porque eu vinha escutando os seus discos e gostando cada vez mais da músi

PEG PAG alfineta a acomodação

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Sou leitora dos livros de Alonso Alvarez há muitas publicações. Comecei a presentear meus sobrinhos com suas obras e acabei cativada pelas histórias criadas pelo escritor e editor.  Depois de anos acompanhando sua trajetória como autor de histórias infantis e juvenis, Alonso publicou, em 2022, seu primeiro romance adulto. PEG PAG conta a história de Rubem Glück, personagem criado com referências do próprio Alonso: escritor de literatura juvenil, incapaz de criar vilões em suas histórias. A apresentação remete às tramas já criadas pelo autor, ainda assim, a obra traz um personagem catalisador de situações muito mais complexas do que as enfrentadas por aqueles que se aventuram em sua literatura infantil e juvenil. Penso em Rubem como um ponto de convergência entre as divergências. Na literatura, ele é reconhecido e celebrado. Na vida pessoal, lida com um transtorno que teme ser descoberto: incapaz de fazer as próprias compras, rouba os carrinhos de outros clientes quando eles se distrae

O plano do tomate Tomé | Leveza ao abordar o bullying

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A escola é uma escola. Além das matérias que estudamos, é lá que aprendemos a nos tornar grande parte de quem seremos para o resto das nossas vidas.   Se você é dos que tiveram boa sorte, ou dos que apenas foram capazes de passar despercebidos e não se tornaram alvo daqueles que, além da matéria, ensinavam a alguns a se sentirem menos do que eles, fico feliz por você. Ninguém deveria ser alvo dos valentões, na escola ou na vida. Mas já sabemos como funciona: os valentões fazem escola. Posso dizer, experiente que sou no assunto, que eu adoraria ter lido um livro como o da escritora Soraya Jordão nos meus primeiros anos na escola. A psicóloga tem atendido muitas crianças em seu consultório e sabe como os desafios vividos nas salas de aula e pátios podem ser difíceis de encarar para os pequenos. Com a pandemia, muitos deles deixaram de se consultar e a forma que Soraya encontrou de continuar a alcançá-los e ajudá-los foi escrevendo O plano do tomate Tomé .  O que um tomate tem a ver com o

Personagens | dois filmes para conferir

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Resumindo: eu adoro filmes . Passei da fase de apenas assisti-los para enxergar a mim como um dos personagens. Sempre os mais esquisitos. Então, a fase que não quer me largar: escrever para um filme. Sim, eu tenho tentado. A cada romance – publiquei quatro e escrevi sete – vou aperfeiçoando a minha prosa como se escrevesse cenas de um filme. Elas passam na minha mente e eu as transcrevo, depois reescrevo... reescrevo... corto aqui e ali... leio em voz alta... reescrevo... Eu sou uma escritora apegada aos personagens. Meus romances carecem de descrições físicas, do ambiente, do figurino, o que não ajuda muito quando o assunto é filmes, também porque eu adoraria fazer tudo: escrever, dirigir, produzir. Sonhar é permitido, certo?  Com a pandemia, aquela lista de indicações que mantenho sempre atualizada – já atualizei de novo e quem tem o link pode conferir lá... sabe onde, né? − vem crescendo muito. Assistir filmes, séries e documentários se tornou o programa de todos os dias. Não tenho